quinta-feira, 28 de julho de 2011

I will wait for you, always.


Olho no relógio: 1h17. Caramba, onde será que você está? Meu estomago está embrulhado desde que acordei. Já faz um tempo que não o vejo. Desde que meus pais proibiram-me de te ver, eu passo as noites acordada pensando em o que você está fazendo, ou se sente a minha falta. Tentei explicar milhares de vezes aos meus pais, que aquele acidente não foi sua culpa. Mas eles não conseguem acreditar, ou confiar em mim. Estava monotonamente triste, desde que sai da escola, e mudei de cidade. Até que uns dias atrás, quando meus pais estavam no trabalho, você me ligou dizendo que sente muito minha falta, e que gostaria de me ver. Desde que acordei, e lembrei que hoje, finalmente, iria te ver, fiquei em total frenesi. Só não entendo essa demora, era pra você estar aqui há vários minutos atrás. Olho-me no espelho outra vez. Não sei quantas vezes já me olhei no espelho, mas gostaria de ficar bonita pra você. Mesmo com esse me jeans surrado, minha camiseta preta, e meu cabelo bagunçado que você tanto gosta. Não sou de usar maquiagem, e você sabe disso, mas hoje em especial até passei um pouco de blush em minhas enormes bochechas. Um barulho oco me faz correr até a janela. Quando abro, um vento frio joga meu cabelo para trás, mas não estou pensando nisso. Estou apenas olhando para seu sorriso, metros abaixo de mim.
-Desça!- Você diz sussurrando. Eu sorrio e corro em silêncio pelo corredor, passando mais lentamente pelo quarto de meus pais, para certificar-me de que ainda dormem. Desço rapidamente e aos tropeços, a escada e abro a porta com o mínimo de barulho possível. Assim que abro a porta lá está você, me abraçando com força e me levantando do chão. Sinto seu mesmo perfume, que depois de tanto tempo ainda me agrada avidamente. Coloca-me no chão outra vez, e pega minha mão. Caminhamos em silêncio até a lateral de minha casa, onde duas bicicletas nos esperam. E eu fico extremamente feliz. Lembro-me de cada noite que você ia à minha casa, e passávamos a noite inteira andando de bicicleta pela cidade. E na volta sempre comíamos chocolate de avelã, ou voltávamos com imensos potes de sorvete na mão. Não importava o frio, não importava a hora. Eu quase tive vontade de esmagá-lo depois desta especial ideia.  Ele soltou minha mão, e subiu em sua bicicleta. Eu sorri, e fui subir na minha. E em segundos lá estávamos nós, rindo histericamente enquanto andávamos a toda velocidade, com nossas bicicletas. Apenas podia ouvir o som das rodas no asfalto molhado e nossas risadas. A rua estava escura e silenciosa. Nem um ser vivo a vista... Sentados na calçada, minha cabeça deitada em seu ombro, você sussurra:
-Você continua linda, Alice!
Eu sorrio, e dou um leve e afetuoso soco em seu braço. Encosto a cabeça em seu ombro outra vez.
-Desculpe-me. Por tudo. Você não merece nada disso. – Ele fala pausadamente.
-A culpa não foi sua!
-Acho que... De alguma forma, foi sim. Eu não deveria ter sido tão imaturo...
-David, por favor, pare!
Flashes do dia do acidente passam o voando pela minha cabeça outra vez. Todos no carro, você no volante, música alta, cheiro de cigarro, garrafas de bebida no banco e imensos sorrisos, e risadas intermináveis. Em um segundo, todos estão rindo da piada sem noção do Paul, e em outro... O estrago já estava feito. Sangue por todo lado, cheiro de fumaça e de óleo quente e em um piscar de olhos estamos em uma ambulância a caminho do hospital. Horas intermináveis ouvindo meus pais gritando e em desespero no hospital. Lágrimas rolaram ao saber que Liz não estava mais viva, e eu tinha sofrido apenas alguns arranhões e minha perna torcida. Semanas depois, mudança de casa, de cidade, de escola, fui desmatrículada em todos os cursos, proibida de contato com você, sem telefone, sem amigos, sem nada. Por mais que explicasse aos meus pais que estava escuro, todos embriagados, e implorado pra ficar, eles não cederam a nenhum de meus pedidos, sem confiar em uma de minhas palavras. Balanço a cabeça, para “espantar” todos esses pensamentos ruins de minha mente.  Mudamos de assunto. Ele me falou o quanto sente minha falta, e que se pudesse se mudaria para cá. Ficava paralisada, observando seu modo de falar, seu jeito largado, seu sorriso lascivo, seu cabelo que estava um pouco mais comprido. Falo sobre minha rotina, sem graça e triste. De como a cidade é parada, e de que não vejo pessoas jovens na rua, é muito raro. Ele apenas ri, e fica mexendo em meu cabelo. A noite passa voando, e depois caminhamos ao lado de nossas bicicletas, preocupados em comer o chocolate de avelã que você trouxe, que me fez rir sem parar. Sonolentos e cansados, chegamos em minha casa.
-Alice, eu prometo vir morar aqui, perto de você. Você sabe que daqui  7 meses eu completo 18 anos, e assim poderei fazer o que bem entender. – Segura meu rosto entra as mãos. - Alice, você sabe que eu amo você e que nunca, jamais vou te deixar.  Desculpa.
-Eu também amo muito você, David! Mais do que já amei qualquer pessoa em minha vida. Eu irei esperar você, sempre.  Eu sei que não foi sua culpa.
Ele esmaga os lábios contra os meus, trazendo-me para si. Eu apenas aperto meus braços em  seu pescoço... Despedir-me foi difícil. Gostaria de te abraçar e nunca mais soltar. Mas você nunca me decepcionou. Nunca me feriu, me ignorou ou me tratou mal. Você foi o único que esteve do meu lado em todos os momentos, quando precisei e quando não precisei. Você foi o único que eu amo de verdade e que irei amar, sempre.  E afinal, aposto que não vai demorar tanto assim. 


autor: Luana Espindola

8 comentários:

  1. Thanks for the follow! i'm following you too now ;) x

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  2. Muito Bom o post...

    Teu espaço é muito bommm!!!
    estou seguindo!

    Abraços!
    Rafah
    Blog Eternus!
    http://eternizadoempalavras.blogspot.com/

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  3. Amei o texto, super lindo.. até me identifiquei em alguns pontos rs Seguindo o seu blog! Beijos, bom fim de semana
    talitafgirl.blogspot.com

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  4. oi linda, obg pela visitinha no meu blog *-* adoreeei o seu tb,
    ótimo texto, amei *-*
    bjoos
    www.girlstylish.com

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  5. Pois é Luana, as vezes o amor é descrito com uma maneira tão linda quanto a que você demonstrou agora com suas palavras e é exatamente isso que ainda me faz ter um pouco de esperança em algumas pessoas. Sabe, acho que assim como eu, você defende claramente que o sentimento, em si, está definhado por diversas coisas do dia-a-dia. As vezes, as pessoas se esquecem de amar, de sentir, de gostar, de querer estar perto e acabam caindo num clichê formado pela sociedade que influencia toda uma maneira de ser e de pensar. Quando vejo essas demonstrações maravilhosas do ato de amar, de sentimentalização, isso torna as coisas mais bonitas. É bom ver que o amor surpreende Alice e David mesmo depois de um acidente que tirou a vida de uma amiga querida, mesmo que os pais limitem suas saídas e seu contato. O que falta nas pessoas é isso. O que falta nas pessoas é o amor. Um amor de verdade, capaz de suprir necessidades do ser a ponto de deixá-lo bem e confiante, mesmo que haja a distância para interferir em um sentimento tão lindo..

    Eu sinto falta do amor. Particularmente, sinto falta de ver a demonstração do amor, diga-se de passagem. Vejo muitos falando que amam, enquanto apenas sentem uma atração aonde no primeiro obstáculo, o mundo cai e tudo apenas vira um sonho, uma ilusão. Talvez seja uma pretensão muito forte minha, mas é apenas o que mais desejo ver no mundo: o amor ao próximo, o amor ao querer fazer o bem e ver outra pessoa feliz.

    Peço-lhe desculpas pelo meu sincero desabafo, mas não consigo conter as palavras quando o assunto é referente ao amor. Me perdoe, de verdade. Um ótimo texto que tenho orgulho de ler. Um grande beijo e uma ótima semana.
    De seu leitor e amigo,

    Pedro Menuchelli

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  6. Fico encantada com suas palavras, Pedro. Sim, hoje em dia, está complicado achar pessoas com a qual me identifico ou ter fé nelas, mesmo estando em um mundo de mais de 6 bilhões de pessoas. Acho que vivo em uma geração, na qual não pertenço, onde adolescentes não possuem sentimentos, ou noção de diversidade. Todo o mundo deles, ou pelo menos da maioria, gira em torno de um clichê interminável, onde tudo é a cópia de tudo.
    Alice e David, possuíram vida própria enquanto escrevia, e acredito eu, sim, eles possuem um amor na qual tentam superar limites impostos a eles.
    Fico muito feliz com suas sinceras palavras em meu blog. E torceremos para que, cada vez mais, as pessoas comecem a amar, sem pensar apenas em si, e em seus interesses, tornando apenas atração o centro de tudo. Sério, não me peça desculpas, de maneira alguma, por seu desabafo, eu amei. Assim, que realmente me dá vontade de escrever, com comentários de blogueiros tão sentimentalistas e fofos como você. Obrigada mesmo pelo comentário. Fiquei, repito, encantada com suas palavras. Grande beijo, e ótima semana também.

    Luana Espindola

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  7. Adorei seu post e seu blog,
    te seguindo *--*
    se quiser e poder, dê uma passadinha no meu ;P
    http://ana-ladeia.blogspot.com/

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